Salmo 75:3

Este versículo, profundamente simbólico, nos convida a uma reflexão sobre a impermanência e a estabilidade. A imagem de "a terra e todos os seus moradores dissolvidos" evoca a natureza transitória da existência. Tudo o que percebemos como sólido e permanente está, na verdade, em constante transformação, sujeito à erosão do tempo, às mudanças de circunstâncias e aos ciclos de vida e morte.

Essa dissolução pode ser interpretada em múltiplos níveis. No nível pessoal, representa a fragilidade do ego, a ilusão de controle e a inevitabilidade das perdas e decepções. No nível coletivo, simboliza a instabilidade das estruturas sociais, políticas e econômicas, a efemeridade das ideologias e a vulnerabilidade da humanidade diante dos desafios existenciais.

A beleza e a esperança do versículo residem na segunda parte: "mas eu fortaleci as suas colunas." Este "eu" pode ser interpretado como a força divina, o princípio cósmico de sustentação, a própria essência da realidade que reside além da transitoriedade. As "colunas" representam os fundamentos da existência, os valores eternos, a sabedoria ancestral, a fé inabalável, o amor incondicional e a conexão com o Divino.

Em outras palavras, mesmo diante da aparente dissolução de tudo o que conhecemos, existe uma base sólida e imutável que nos sustenta. Essa base não está no mundo externo, sujeito à impermanência, mas sim no nosso interior, na nossa capacidade de acessar a força divina que reside em nós. Fortalecer as colunas significa cultivar esses valores, aprofundar a nossa conexão espiritual e encontrar a estabilidade interna que nos permite enfrentar os desafios da vida com serenidade e confiança.

O "Selá" no final do versículo é uma pausa, um convite à meditação e à contemplação. É um momento para absorver a mensagem, para permitir que ela ressoe em nosso ser e para nos conectarmos com a força divina que fortalece as colunas da nossa existência.