Salmo 76:7

O versículo "7 Tu, tu és temível; e quem subsistirá à tua vista, uma vez que te irares?" mergulha na profunda reverência e temor que a presença divina inspira. Não se trata de um medo paralisante, mas de um reconhecimento da magnitude e do poder incomparável de Deus.

A repetição "Tu, tu" enfatiza a singularidade de Deus, sua existência transcendente e sua autoridade suprema. Ele não é apenas mais um ser no universo, mas a própria fonte de toda a criação, o detentor de um poder inimaginável para a mente humana.

A palavra "temível" não deve ser interpretada como sinônimo de crueldade ou arbitrariedade. Ao invés disso, aponta para a santidade radical de Deus, sua perfeição absoluta que contrasta fortemente com as imperfeições e limitações da humanidade. É um temor que nasce da compreensão de que Deus é infinitamente maior do que nós, e que sua justiça e retidão são impecáveis.

A pergunta "e quem subsistirá à tua vista, uma vez que te irares?" ressalta a vulnerabilidade da condição humana diante da ira divina. Essa ira não é uma explosão de raiva descontrolada, mas sim uma reação justa e necessária contra o pecado e a injustiça que corrompem o mundo. Ela representa a oposição implacável de Deus a tudo o que se opõe ao seu amor e à sua vontade.

A questão retórica nos leva a refletir sobre nossa própria pequenez e nossa dependência total de Deus. Não podemos nos esconder de sua presença, nem podemos desafiar seu poder. A única esperança reside na sua misericórdia e no seu amor redentor, que nos oferecem a possibilidade de reconciliação e de uma nova vida em harmonia com sua vontade.

Em um nível mais profundo, o versículo nos convida a cultivar uma relação de respeito e reverência com o Divino. Não se trata de viver em constante medo, mas de reconhecer a importância de honrar a Deus em todos os aspectos de nossas vidas, buscando viver de acordo com seus princípios e buscando a transformação interior que nos permite nos aproximar cada vez mais de sua presença.