Salmo 73:20

O versículo "Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles" do Salmo 73, verso 20, carrega uma profundidade espiritual que nos convida a refletir sobre a natureza da realidade e a transitoriedade das ilusões.

A comparação com um sonho é fundamental. Sonhos, por mais vívidos e intensos que sejam, perdem sua substância e influência no momento em que despertamos. As emoções fortes, os cenários elaborados, as interações complexas – tudo se desfaz na luz da manhã. Assim, o salmista sugere que as aparências enganosas, as injustiças aparentes e o sucesso dos ímpios são também ilusões passageiras.

Quando se refere ao "acordar" de Deus, não implica que Deus esteja dormindo em sentido literal. Em vez disso, expressa a ideia de que a percepção divina da realidade é infinitamente superior à nossa. Enquanto nós, presos às limitações da nossa visão terrena, nos afligimos com as desigualdades e aparentes triunfos do mal, Deus, em Sua onisciência e onipotência, enxerga a verdadeira natureza das coisas. "Acordar" aqui significa o momento em que a justiça divina se manifesta plenamente, revelando a insignificância e a vacuidade das aparências que nos perturbavam.

O "desprezo pela aparência deles" indica que, quando a verdade divina se manifesta, as posses, o poder e o orgulho dos ímpios perdem todo o seu valor e atrativo. Aquilo que parecia tão importante e invejável na perspectiva humana é revelado como vazio e sem sentido diante da eternidade e da justiça divina. É como se um tesouro falso, brilhante e chamativo sob uma luz fraca, fosse exposto à luz do sol, revelando sua verdadeira natureza de mero adorno sem valor real.

Em resumo, o versículo nos convida a confiar na sabedoria e na justiça divina, mesmo quando as aparências nos enganam e nos levam ao desespero. Lembra-nos que a realidade última transcende as ilusões do mundo material e que, no momento da revelação divina, as falsas aparências serão desmascaradas e o verdadeiro valor será revelado. É um chamado à paciência, à fé e à busca por uma perspectiva mais elevada, centrada em Deus, para podermos discernir a verdade por trás das sombras.