Salmo 7:14

Este versículo, carregado de simbolismo, descreve um estado de profunda aflição espiritual e moral. A "dor de perversidade" não é uma dor física, mas sim o sofrimento interno resultante de escolhas e atitudes desalinhadas com a verdade e o bem. É a agonia da consciência, o desconforto da alma que se distancia da sua essência divina.

A imagem de "conceber trabalhos" sugere a gestação de planos e ideias que nascem da própria perversidade. São projetos que, em sua origem, já carregam a semente da discórdia, da injustiça e do sofrimento. A pessoa, imersa na sua negatividade, alimenta esses pensamentos e os nutre com suas ações, dando-lhes vida e força.

A culminação desse processo é "produzir mentiras". A mentira aqui não se limita à falsidade verbal. Ela representa a totalidade de uma existência construída sobre enganos, ilusões e máscaras. São as falsas promessas, as aparências enganosas e as justificativas distorcidas que a pessoa utiliza para encobrir suas verdadeiras intenções e ações.

Em um sentido mais profundo, a "mentira" é a própria ilusão da separação, a crença de que somos seres isolados e independentes, desconectados da Fonte Divina e uns dos outros. Essa ilusão nos leva a agir de forma egoísta e destrutiva, perpetuando o ciclo de sofrimento e dor.

O versículo, portanto, nos convida a um profundo exame de consciência. Ele nos alerta para os perigos de nos deixarmos dominar pela negatividade e pela ilusão. Ele nos lembra que as nossas escolhas e atitudes têm consequências, tanto para nós mesmos quanto para o mundo ao nosso redor. Ele nos incentiva a cultivar a verdade, a justiça e o amor, para que possamos nos libertar da dor da perversidade e encontrar a paz e a alegria que tanto almejamos.

Em vez de gerar "mentiras", somos chamados a dar à luz à verdade, à compaixão e à sabedoria. A transformar a dor da perversidade em oportunidades de crescimento e transformação. A reconhecer a nossa conexão com o Todo e a viver em harmonia com os princípios divinos.