Salmo 37:36

Este versículo, aparentemente simples, carrega em si uma profunda reflexão sobre a transitoriedade da vida e a natureza ilusória da realidade material que percebemos.

"Mas passou e já não aparece" nos remete à impermanência de todas as coisas. Tudo que nasce, cresce e se desenvolve inevitavelmente se desfaz. Sejam momentos de alegria, períodos de sofrimento, bens materiais ou mesmo a própria vida, tudo está em constante fluxo, sujeito a mudanças e transformações. Apegos a essas coisas passageiras inevitavelmente nos trazem sofrimento, pois a ilusão de permanência é constantemente desfeita pela realidade.

A passagem sugere que aquilo que antes era visível, tangível e presente, agora se foi. Desapareceu do nosso campo de visão, deixou de ocupar o nosso espaço físico e, por extensão, pode ter saído da nossa esfera de influência e controle. É um lembrete de que não podemos reter nada para sempre, e que o esforço para fazê-lo é vão.

"Procurei-o, mas não se pôde encontrar" expressa a frustração e a inevitabilidade da perda. A busca infrutífera representa o apego e a dificuldade em aceitar o ciclo natural da vida. Muitas vezes, nos apegamos a pessoas, objetos, ideias ou até mesmo a uma versão idealizada do passado, e resistimos à sua partida. A busca incessante por aquilo que já não existe mais é um obstáculo para a nossa evolução espiritual, pois nos impede de abraçar o presente e de nos abrirmos para novas experiências.

Espiritualmente, este versículo nos convida a desapegar-nos da ilusão da matéria e a buscarmos a verdadeira essência da existência, que reside na consciência e na conexão com o Divino. Ao compreendermos a natureza transitória de tudo que nos cerca, podemos cultivar a serenidade e a aceitação diante das perdas, e direcionar a nossa energia para aquilo que é eterno e imutável: o amor, a compaixão e a busca pela verdade.

A mensagem central é um chamado ao desapego, à aceitação da impermanência e à busca por um entendimento mais profundo da realidade, para além das aparências.