Salmo 104:20

Este versículo, ao afirmar que Deus "ordena a escuridão, e faz-se noite", nos remete à ideia de que a escuridão não é simplesmente a ausência de luz, mas uma manifestação intencional e ordenada da Divindade. É um lembrete de que mesmo naquilo que percebemos como negativo ou desconhecido, existe um propósito e uma orquestração divina.

A noite, nesse contexto, torna-se um reino de mistério e potencialidade. Ela é um tempo de recolhimento, de introspecção e de renascimento. Assim como a semente precisa da escuridão do solo para germinar, nós também precisamos de momentos de quietude e obscuridade para crescermos espiritualmente.

A frase "na qual saem todos os animais da selva" sugere que a noite é um tempo de liberdade e expressão para as forças da natureza, tanto internas quanto externas. Os animais da selva, com seus instintos e necessidades, representam aspectos de nossa própria psique que muitas vezes reprimimos ou ignoramos durante o dia, na luz da consciência.

Esses "animais da selva" podem simbolizar nossos medos, desejos, paixões e impulsos. A noite, então, se torna um tempo para reconhecer e integrar esses aspectos de nós mesmos, em vez de negá-los ou reprimi-los. É um convite para enfrentar a nossa própria "selva interior" com coragem e compaixão.

Ao reconhecermos que a escuridão e a noite são ordenadas por Deus, podemos aprender a confiar no processo da vida, mesmo quando não entendemos o que está acontecendo. Podemos nos render ao mistério e permitir que a sabedoria da natureza nos guie, integrando todas as partes de nós mesmos e encontrando a luz interior que reside em meio à escuridão.

Em um sentido mais amplo, o versículo nos lembra que a dualidade faz parte da experiência humana. Assim como a luz precisa da escuridão para ser percebida, o bem precisa do mal, a alegria da tristeza. Ao abraçarmos ambos os lados da polaridade, podemos alcançar um estado de equilíbrio e harmonia.