Salmo 96:5
Porque todos os deuses dos povos são ídolos, mas o Senhor fez os céus.
Este versículo bíblico, encontrado em diversas versões e livros, ressoa com uma profunda verdade espiritual sobre a natureza da divindade e a ilusão dos ídolos. Ele nos convida a refletir sobre o que realmente consideramos sagrado e de onde buscamos nossa conexão com o transcendente.
A primeira parte da afirmação, "todos os deuses dos povos são ídolos", não deve ser interpretada de forma literal como uma condenação a outras religiões. Em vez disso, ela aponta para a tendência humana de criar representações limitadas e estáticas do divino. Esses "deuses" criados pelos povos, sejam eles imagens de pedra, conceitos filosóficos ou ideologias, são inerentemente incompletos e não conseguem capturar a vastidão e a dinamicidade da verdadeira Fonte.
Esses ídolos, no sentido espiritual, representam as projeções de nossos desejos, medos e limitações. Criamos deuses à nossa imagem e semelhança, buscando neles validação e segurança. No entanto, ao fazer isso, nos aprisionamos em um ciclo de ilusão, nos afastando da experiência direta e genuína do divino. A idolatria, portanto, não se limita à adoração de objetos físicos, mas abrange qualquer apego excessivo a formas, ideias ou crenças que nos impedem de reconhecer a presença de Deus em nós mesmos e no mundo.
A segunda parte do versículo, "mas o Senhor fez os céus", oferece um poderoso contraste. Ela nos direciona para a vastidão do universo, para a ordem e a beleza da criação, como um testemunho da verdadeira natureza de Deus. O "Senhor" aqui não se refere a uma divindade antropomórfica, mas sim à força criativa primordial que deu origem a tudo o que existe. Essa força é ilimitada, transcendente e está presente em cada aspecto da criação, desde a menor partícula até a galáxia mais distante.
Ao contemplarmos os céus, somos convidados a transcender as limitações de nossas mentes e a nos conectar com a vastidão do infinito. Somos lembrados de que a verdadeira divindade não pode ser contida em imagens ou conceitos, mas sim experimentada diretamente através da admiração, da gratidão e da abertura ao mistério. A criação, em sua totalidade, é uma manifestação da inteligência e do amor divinos, um convite constante a despertar para a nossa verdadeira natureza como parte integrante desse todo.
Em última análise, este versículo nos chama a abandonar a busca por deuses externos e a nos voltarmos para dentro, reconhecendo a centelha divina que reside em cada um de nós. Ao nos desapegarmos dos ídolos de nossa própria criação, podemos nos abrir para a experiência direta da presença de Deus, não como um ser separado e distante, mas como a própria essência da vida, manifestando-se em cada momento e em cada aspecto da criação.

Catecismo da Igreja Católica (edição de bolso)

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