Salmo 95:5
Seu é o mar, e ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca.
Este versículo evoca uma imagem poderosa da Divindade como Criador, transcendendo a mera concepção física do mundo e mergulhando nas profundezas da intenção e do amor. "Seu é o mar, e ele o fez" revela que a vastidão e a profundidade do oceano, com seus mistérios insondáveis e sua força indomável, não são meros acidentes cósmicos, mas sim uma expressão deliberada da vontade divina. O mar representa o inconsciente, o fluxo da vida, a emoção primordial. Ao dizer que Ele o fez, afirma-se que este reino vasto e aparentemente incontrolável está sob Seu domínio, imbuído de Sua sabedoria e propósito.
A frase "e as suas mãos formaram a terra seca" complementa a imagem do mar, representando o oposto, a solidez, a forma, a estrutura. Enquanto o mar simboliza o fluir, a terra seca representa a estabilidade, o concreto, o manifestado. A referência às "mãos" Divinas confere uma intimidade surpreendente à criação. Não se trata de uma força impessoal ou de um decreto distante, mas de um toque cuidadoso e consciente que molda a realidade. As mãos, na simbologia, representam a ação, a habilidade e o poder de dar forma.
A criação da terra seca pelas mãos Divinas sugere que a manifestação do mundo físico não é um evento aleatório, mas sim um ato intencional e amoroso. Cada montanha, vale e deserto foram moldados com um propósito, com uma beleza intrínseca que reflete a perfeição do Criador. A terra seca também pode ser interpretada como o reino da consciência, onde a clareza e a distinção permitem o crescimento e a evolução.
A junção do mar e da terra seca, ambos criados pela mesma fonte divina, ilustra a unidade na diversidade. O fluído e o sólido, o inconsciente e o consciente, a emoção e a razão, todos coexistem em harmonia dentro da criação. Este versículo nos convida a contemplar a totalidade da existência, reconhecendo a presença da Divindade em cada aspecto do universo, desde as profundezas do oceano até a solidez da terra sob nossos pés. Ao compreendermos que tudo é "Dele", podemos cultivar uma profunda gratidão e um senso de pertencimento ao cosmos.
Mais do que uma simples descrição da criação física, este versículo aponta para a relação íntima entre o Criador e Sua criação. Ele nos convida a reconhecer a presença divina em cada detalhe do mundo ao nosso redor e, consequentemente, a cultivar uma conexão mais profunda com o Divino que reside em nós mesmos. A criação não é um evento passado e distante, mas um processo contínuo de manifestação e evolução, do qual todos somos parte integrante.

Catecismo da Igreja Católica (edição de bolso)

Confissões de Santo Agostinho - Edição de Luxo Almofadada
