Salmo 89:40

Este versículo, descontextualizado, pode parecer uma descrição de destruição física, de uma derrota militar. No entanto, a espiritualidade nos convida a olhar para além do literal, buscando o significado mais profundo em nossas vidas.

"Derrubaste todos os seus muros" pode simbolizar a quebra das barreiras internas que construímos ao longo do tempo. Esses "muros" podem ser medos, inseguranças, crenças limitantes, ressentimentos ou qualquer forma de resistência ao fluxo natural da vida e ao nosso crescimento espiritual. São as defesas que erguemos para nos proteger de dores passadas, mas que, ironicamente, nos impedem de experimentar a plenitude e a conexão com o Divino.

Quando nos abrimos à transformação, quando nos permitimos ser vulneráveis e questionamos nossas próprias verdades, esses muros começam a ruir. Essa "derrubada" não é um processo fácil, pois muitas vezes significa enfrentar nossos demônios internos, encarar nossas sombras e abandonar zonas de conforto. Mas é um passo essencial para a libertação e para a manifestação do nosso verdadeiro potencial.

"Arruinaste as suas fortificações" complementa a ideia anterior. As "fortificações" representam as estratégias que usamos para manter esses muros de pé. São os mecanismos de defesa que acionamos quando nos sentimos ameaçados, as justificativas que inventamos para evitar a mudança, os hábitos destrutivos que nos aprisionam.

Essas fortificações podem se manifestar como vícios, comportamentos obsessivos, relacionamentos tóxicos ou mesmo uma atitude cínica perante a vida. A "ruína" dessas fortificações implica em desconstruir essas defesas, em abandonar as máscaras que usamos para nos proteger do mundo. Requer coragem para enfrentar a realidade sem ilusões e para aceitar a nossa própria imperfeição.

A beleza desse processo de "derrubada" e "ruína" reside na oportunidade de reconstrução. Ao demolir as estruturas antigas, abrimos espaço para edificar algo novo, algo mais alinhado com a nossa essência divina. Podemos construir uma nova base, fundamentada no amor, na compaixão, na fé e na verdade. Essa reconstrução nos permite viver de forma mais autêntica, mais plena e mais conectada com o Universo.

É importante lembrar que essa "derrubada" e "ruína" não são necessariamente um ato externo, mas sim um processo interno, guiado pela nossa própria consciência e pelo amor incondicional. Ao nos entregarmos a essa transformação, nos tornamos canais da luz divina, permitindo que a graça nos conduza em direção à nossa mais elevada expressão.