Salmo 88:18
Desviaste para longe de mim amigos e companheiros, e os meus conhecidos estão em trevas.
Este versículo ecoa uma profunda sensação de isolamento e abandono. Espiritualmente, ele pode ser interpretado como um reflexo da jornada da alma em direção à luz, um processo que, muitas vezes, nos afasta daqueles que ainda estão presos em padrões de pensamento e comportamento que não ressoam mais com a nossa nova vibração.
"Desviaste para longe de mim amigos e companheiros" sugere uma purificação nas relações. Não se trata necessariamente de uma ação punitiva divina, mas sim de uma consequência natural da nossa evolução. À medida que nos libertamos de velhos hábitos e crenças limitantes, a nossa energia se transforma, e aqueles que ainda estão apegados a esses padrões podem sentir um desconforto inconsciente, levando a um distanciamento gradual.
Essa separação pode ser dolorosa, mas é essencial para o nosso crescimento. Imagine que você está caminhando em direção ao topo de uma montanha. Alguns companheiros de jornada podem preferir permanecer na base, confortáveis com o que já conhecem. Você, no entanto, sente o chamado para seguir em frente, para ascender a níveis mais elevados de consciência. O afastamento, neste caso, é uma manifestação da diferença de caminhos e propósitos.
"E os meus conhecidos estão em trevas" pode simbolizar uma desconexão da nossa antiga forma de pensar e agir. As "trevas" aqui não significam necessariamente maldade, mas sim uma falta de clareza, uma ausência de compreensão espiritual. Aqueles que antes nos rodeavam podem não entender as nossas novas perspectivas e escolhas, permanecendo presos a ilusões e crenças limitantes.
É importante lembrar que cada pessoa tem o seu próprio tempo e ritmo para despertar. Não cabe a nós julgar ou tentar forçar a transformação de ninguém. O nosso papel é seguir o nosso próprio caminho com integridade e amor, irradiando a nossa luz para o mundo, sem esperar que os outros nos acompanhem imediatamente.
Este versículo, portanto, é um convite à introspecção e à aceitação. Ele nos lembra que a jornada espiritual pode ser solitária em alguns momentos, mas que essa solidão é, na verdade, uma oportunidade para nos conectarmos com a nossa essência divina e para construirmos relacionamentos mais autênticos e significativos, baseados em valores como a verdade, o amor e a compaixão.

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