Salmo 85:4
Torna-nos a trazer, ó Deus da nossa salvação, e faze cessar a tua ira de sobre nós.
"Torna-nos a trazer, ó Deus da nossa salvação..."
Este clamor inicial ressoa com a profunda consciência da nossa própria perda. Reconhecemos que, de alguma forma, nos afastamos da fonte de nossa salvação, de Deus. Esse "afastamento" não é necessariamente físico, mas sim um distanciamento espiritual. É a constatação de que perdemos a conexão íntima, a comunhão constante com o Divino que nos nutre e guia.
Implorar para sermos "trazidos de volta" é um ato de humildade e arrependimento. É um reconhecimento de que não temos a força ou a capacidade de retornar sozinhos. Precisamos da intervenção divina, da mão amorosa de Deus para nos resgatar do labirinto da nossa própria criação. Este "retorno" implica um realinhamento do nosso ser, um redirecionamento da nossa energia e intenções de volta ao caminho da luz e da verdade.
A expressão "Deus da nossa salvação" enfatiza a dependência total que temos do Criador para a nossa redenção. Não depositamos nossa fé em rituais vazios, em méritos próprios ou em forças externas. Nossa esperança reside unicamente em Deus, Aquele que tem o poder de nos libertar das correntes do sofrimento e da ilusão. Reconhecê-Lo como "Deus da nossa salvação" é um ato de fé que abre as portas para a cura e a transformação.
"...e faze cessar a tua ira de sobre nós."
Esta segunda parte do versículo aborda a questão da "ira divina". É importante compreender que essa "ira" não é uma vingança mesquinha ou um acesso de raiva de um Deus colérico. Em vez disso, a "ira" pode ser interpretada como as consequências naturais das nossas ações, o resultado inevitável de nos afastarmos do caminho do amor e da sabedoria. É a lei do carma em ação, a energia que retorna a nós na mesma medida em que a emitimos.
O pedido para que a "ira" cesse não é um apelo para escaparmos das consequências dos nossos atos, mas sim um pedido para que a dor e o sofrimento que resultam do nosso afastamento sejam aliviados. É um desejo profundo de encontrar a paz, a harmonia e a reconciliação com o Divino. É uma busca pela libertação das correntes do passado, para que possamos seguir em frente com leveza e alegria.
Implorar para que a "ira" cesse também pode ser interpretado como um pedido de misericórdia. Reconhecemos que merecemos as consequências das nossas ações, mas suplicamos a Deus que nos mostre compaixão e nos conceda a oportunidade de nos redimirmos. É um apelo à Sua infinita bondade, à Sua capacidade de perdoar e de nos ajudar a trilhar um novo caminho. É um ato de fé que abre as portas para a graça e a redenção.
Em essência, este versículo é uma oração profunda e sincera que expressa a nossa necessidade de reconciliação com Deus. É um reconhecimento da nossa própria fragilidade e da nossa dependência do Divino para a nossa salvação e para a nossa libertação do sofrimento. É um apelo à Sua misericórdia e à Sua compaixão, para que possamos ser trazidos de volta ao caminho da luz e da verdade.

Catecismo da Igreja Católica (edição de bolso)

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