Salmo 85:3
Fizeste cessar toda a tua indignação; desviaste-te do ardor da tua ira.
Este versículo, extraído de um contexto de súplica e reconhecimento da misericórdia divina, descreve uma transformação profunda na relação entre o indivíduo (ou a comunidade) e o Sagrado. A experiência espiritual aqui retratada é a da superação de um período de provação, onde a ira ou a indignação divina eram sentidas como uma realidade tangível.
A primeira parte, "Fizeste cessar toda a tua indignação", fala sobre a interrupção de um estado de sofrimento. A "indignação" divina não deve ser entendida como uma explosão de raiva humana, mas sim como uma consequência kármica, o resultado natural de ações desalinhadas com a harmonia universal. Essa indignação pode se manifestar como desafios, obstáculos, doenças ou qualquer forma de aflição que sirva como um chamado ao despertar. O cessar dessa indignação implica que o indivíduo ou a comunidade aprenderam a lição, corrigiram seu caminho e se realinharam com a ordem cósmica.
A segunda parte, "desviaste-te do ardor da tua ira", complementa a primeira, aprofundando a imagem da reconciliação. O "ardor da ira" sugere uma intensidade, uma proximidade da experiência dolorosa. Desviar-se desse ardor não significa que a divindade se arrependeu ou mudou de ideia, mas sim que a frequência vibracional do indivíduo se elevou, tornando-o menos suscetível à experiência da dor. É como afastar-se de uma fogueira: a fogueira continua a queimar, mas a distância permite que o calor se torne mais ameno.
Espiritualmente, este versículo aponta para a capacidade inerente ao ser humano de transformar a sua realidade através da mudança interior. Não se trata de manipular a divindade para obter favores, mas sim de transformar a si mesmo para se alinhar com a sua vontade, que é sempre a evolução e o bem-estar de todos. Quando o indivíduo assume a responsabilidade pelas suas ações, aprende com os seus erros e se esforça para viver em harmonia com os princípios universais, a "indignação" cessa e o "ardor da ira" se desvanece, abrindo espaço para a paz, a alegria e a abundância.
Em resumo, o versículo celebra a transformação da adversidade em oportunidade, a superação do sofrimento através da autoconsciência e da mudança de comportamento, e a reconciliação com o Divino através do alinhamento com a sua Vontade. É um lembrete de que somos co-criadores da nossa realidade e que temos o poder de transformar a nossa experiência, elevando a nossa vibração e nos afastando das frequências da dor e do sofrimento.

Confissões de Santo Agostinho - Edição de Luxo Almofadada

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