Salmo 78:38
Ele, porém, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade; e não os destruiu, antes muitas vezes desviou deles o seu furor, e não despertou toda a sua ira.
Este versículo ressoa com a essência do amor incondicional e da paciência divina. Ele nos convida a contemplar a natureza da misericórdia em ação, uma força transformadora que se manifesta mesmo diante da transgressão.
"Ele, porém, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade": Aqui, a figura central é apresentada como inerentemente misericordiosa. A misericórdia não é um ato isolado, mas uma qualidade intrínseca, uma parte fundamental de sua essência. A iniquidade, ou seja, a maldade, a injustiça e o pecado, é reconhecida, mas não é o fim da história. A misericórdia entra em cena para oferecer perdão. Este perdão não é apenas uma absolvição legal, mas uma restauração da relação, uma chance de recomeçar.
"e não os destruiu": A consequência natural da iniquidade poderia ser a destruição. Uma justiça estrita demandaria retribuição imediata. No entanto, a misericórdia intervém, suspendendo a retribuição e oferecendo uma alternativa. A não destruição não é uma omissão, mas uma escolha ativa, uma decisão consciente de preservar a vida e a possibilidade de redenção.
"antes muitas vezes desviou deles o seu furor": O furor, a ira, a indignação diante da injustiça, são sentimentos compreensíveis e até justificáveis. No entanto, a misericórdia modera esses sentimentos, "desviando" o furor. Isso sugere um controle sobre a reação, uma capacidade de transcendê-la em favor de uma resposta mais compassiva. O "muitas vezes" enfatiza a repetição desse ato de clemência, mostrando que a misericórdia não é um evento único, mas uma prática contínua.
"e não despertou toda a sua ira": Este trecho final revela uma profundidade ainda maior. Sugere que existe um potencial para uma ira completa, uma resposta total à iniquidade. No entanto, mesmo diante dessa possibilidade, a misericórdia prevalece, impedindo que a ira se manifeste em sua totalidade. Existe um limite autoimposto, uma restrição voluntária para evitar a destruição completa. Isso demonstra um poder imenso, não apenas para punir, mas para reter a punição em nome do amor e da esperança.
Em essência, o versículo nos ensina que a misericórdia é uma força ativa e poderosa que pode transformar a iniquidade, evitar a destruição, moderar a ira e oferecer a possibilidade de um novo começo. É um convite para refletir sobre a importância da compaixão em nossas próprias vidas e em nossas interações com os outros.

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