Salmo 78:34
Quando os matava, então o procuravam; e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus.
Este versículo, aparentemente simples, revela uma faceta complexa da relação entre o ser humano e o Divino, marcada pela dor, pelo arrependimento e pela busca. Ele descreve um ciclo vicioso onde o sofrimento, consequência de escolhas e ações, paradoxalmente leva à aproximação de Deus.
"Quando os matava, então o procuravam". A expressão "matava" não deve ser interpretada literalmente como assassinato físico em todos os casos. Pode representar a morte de sonhos, de esperanças, de relacionamentos, ou mesmo a morte interior causada por atitudes egoístas e destrutivas. Quando as consequências dessas ações se manifestam na forma de sofrimento, solidão, desespero, a pessoa se vê confrontada com a fragilidade da existência e, em busca de alívio, volta-se para o transcendente.
Essa busca, no entanto, muitas vezes é motivada mais pela necessidade de escapar da dor do que por um sincero desejo de transformação. É um clamor por socorro em meio à tempestade, um pedido desesperado por uma solução imediata. A pessoa se aproxima de Deus como um último recurso, esperando que Ele a livre da angústia, sem necessariamente estar disposta a mudar os padrões de comportamento que a levaram àquela situação.
"E voltavam, e de madrugada buscavam a Deus." A imagem do "voltar" sugere um distanciamento prévio. Implica que, em algum momento, a pessoa se afastou da conexão espiritual, seja por negligência, descrença ou por se deixar levar pelas ilusões do mundo material. O "de madrugada" indica um momento de introspecção, de silêncio, de recolhimento. É na quietude da noite, quando as distrações do dia se dissipam, que a voz interior se torna mais audível e a necessidade de Deus se manifesta com mais clareza.
A busca "de madrugada" também pode simbolizar um novo começo, uma esperança renovada. A madrugada precede o amanhecer, e assim como a escuridão da noite se dissolve com a chegada da luz, a pessoa busca em Deus a luz para dissipar a escuridão da sua alma. É um ato de fé, uma crença de que, mesmo em meio à dor e ao arrependimento, a cura e a transformação são possíveis.
No entanto, é crucial que essa busca não seja apenas um reflexo condicionado à dor. Para que a transformação seja genuína e duradoura, é preciso que a busca por Deus se torne uma constante, uma prática diária, um compromisso com o crescimento espiritual. É preciso ir além do clamor por socorro e cultivar uma relação profunda e sincera com o Divino, baseada no amor, na gratidão e na busca pela verdade.

Alma ferida, alma curada: Os caminhos da fé para vencer os problemas

Bíblia King James 1611 de Estudo Holman - Duotone - 7° Edição
