Salmo 77:8
Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se já a promessa de geração em geração?
O versículo "Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se já a promessa de geração em geração?" ecoa uma profunda angústia espiritual, uma dúvida que assola o coração humano quando confrontado com o sofrimento e a aparente ausência do Divino. Ele clama por uma resposta àqueles momentos em que a bondade de Deus parece ter desaparecido, quando as promessas feitas aos nossos antepassados parecem vazias.
A nível espiritual, a "benignidade" aqui transcende a mera gentileza. Refere-se ao amor incondicional, à compaixão infinita e à constante provisão que emanam da Fonte Criadora. Questionar se essa benignidade "cessou para sempre" é, portanto, questionar a própria natureza de Deus, duvidar da Sua essência amorosa. É um grito de desespero que emerge da percepção de que fomos abandonados, de que o amor que nos sustentava desapareceu.
A "promessa de geração em geração" remete ao legado espiritual que recebemos, ao fio condutor de fé e esperança que nos conecta aos nossos antepassados. As promessas divinas, sejam elas de proteção, prosperidade ou salvação, são como sementes plantadas no solo fértil da história familiar. Questionar se essa promessa "acabou-se já" significa questionar a validade da nossa herança espiritual, a continuidade da bênção divina através das linhagens. É sentir que o elo que nos ligava ao Divino foi rompido, deixando-nos à deriva.
Entretanto, a beleza desse versículo reside justamente na sua honestidade. Ele reconhece a legitimidade da dúvida, a dor da incerteza. Ele abre espaço para o questionamento, convidando-nos a confrontar a nossa fé e a buscar uma compreensão mais profunda do amor de Deus. A resposta a essa pergunta não reside em explicações fáceis ou dogmas inflexíveis, mas em uma jornada interior de busca e reconciliação. É através da nossa própria experiência, da nossa própria conexão com o Divino, que podemos encontrar a certeza de que a benignidade e a promessa permanecem, mesmo nos momentos mais sombrios.
A chave para transcender essa dúvida está em reconhecer que a benignidade de Deus não é condicionada à nossa felicidade ou sucesso. Ela é uma constante, uma força onipresente que nos envolve mesmo quando não a percebemos. A promessa, por sua vez, não se manifesta necessariamente da forma que esperamos, mas sim de maneiras sutis e transformadoras. É na resiliência do espírito humano, na capacidade de amar e perdoar, na esperança que persiste mesmo diante da adversidade, que encontramos a prova da contínua presença divina e da perpetuação da promessa.
Portanto, o versículo não é uma declaração de desespero, mas um convite à introspecção e à renovação da fé. Ele nos lembra que a jornada espiritual é um processo contínuo de questionamento, descoberta e entrega. E que, mesmo nos momentos de dúvida, a benignidade e a promessa de Deus permanecem como faróis a guiar-nos de volta ao caminho da luz.

Banquete do Cordeiro (O) - A missa segundo um convertido: A missa segundo um convertido

Bíblia King James 1611 de Estudo Holman - Duotone - 7° Edição
