Salmo 73:5
Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos como outros homens.
Este versículo, descontextualizado, pode parecer descrever um grupo privilegiado, isento das dificuldades e sofrimentos comuns à humanidade. No entanto, uma leitura espiritual busca um significado mais profundo, que transcende a mera ausência de aflições físicas ou materiais.
Espiritualmente, a isenção de "trabalhos como outros homens" pode se referir à libertação do ciclo incessante de preocupações mundanas que aprisionam a maioria das pessoas. Aqueles que trilham um caminho espiritual mais profundo, que buscam a conexão com o Divino, podem gradualmente se desprender da obsessão por bens materiais, status social e aprovação externa. O "trabalho" aqui não é a ausência de atividade, mas sim a diminuição da ansiedade e do esforço infrutífero que consomem a energia vital de muitos.
A frase "nem são afligidos como outros homens" não implica uma vida isenta de desafios ou provações. Pelo contrário, a jornada espiritual frequentemente envolve confrontar dores e traumas profundos, padrões de pensamento negativos e a própria sombra interior. A diferença reside na maneira como essas aflições são vivenciadas e processadas. Uma pessoa conectada com a sua essência espiritual possui ferramentas internas – fé, esperança, resiliência, compaixão – que a permitem navegar pelas tempestades da vida com mais serenidade e sabedoria.
A "aflição" dos outros homens muitas vezes é amplificada pela identificação excessiva com o ego, pelo apego ao passado, pelo medo do futuro e pela falta de propósito. Aquele que se entrega a uma vida de busca espiritual aprende a desapegar-se dessas ilusões, a encontrar significado no sofrimento, a confiar na sabedoria do Universo e a cultivar a paz interior, mesmo em meio ao caos. A aflição, então, não desaparece, mas é transformada em oportunidade de crescimento e aprendizado.
É importante ressaltar que esta "isenção" não é um prêmio ou uma recompensa concedida a alguns escolhidos. É o resultado de um trabalho interior contínuo, de uma dedicação constante à prática espiritual, de um compromisso sincero com a evolução da consciência. A medida que nos aproximamos da nossa verdadeira natureza, que reside no amor, na paz e na alegria, a nossa experiência de vida se transforma, e a aflição perde o seu poder sobre nós.
Portanto, o versículo não promete uma vida sem dor, mas sim uma vida com mais significado, propósito e resiliência. Uma vida onde a dor não nos define, mas nos transforma. Uma vida onde a aflição não nos destrói, mas nos fortalece. Uma vida onde a paz interior se torna o nosso refúgio seguro em meio às tempestades do mundo.

Confissões de Santo Agostinho - Edição de Luxo Almofadada

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