Salmo 7:3
Senhor meu Deus, se eu fiz isto, se há perversidade nas minhas mãos,
Esse versículo, retirado geralmente do Salmo 7, é um clamor de Davi, uma declaração intensa de inocência perante Deus. Em sua essência, ele busca reafirmar sua integridade e retidão, desafiando qualquer acusação de maldade ou injustiça.
"Senhor meu Deus, se eu fiz isto..." Essa é uma invocação direta à divindade, um apelo para que Deus seja testemunha e juiz. Davi não está se dirigindo a qualquer força vaga, mas ao Deus pessoal, o Deus que ele conhece e em quem confia. Ao dizer "se eu fiz isto", ele abre espaço para uma análise profunda de suas ações, submetendo-se ao escrutínio divino.
"...se há perversidade nas minhas mãos..." A expressão "perversidade nas minhas mãos" vai além de meros atos isolados. Refere-se a uma disposição interna, uma inclinação para a maldade que se manifesta em suas ações. As "mãos" simbolizam as ações, o trabalho realizado, a forma como ele interage com o mundo. A pergunta é: existe alguma corrupção, alguma malícia fundamental que impulsiona suas ações?
Espiritualmente, este versículo nos convida à autoanálise. Não se trata apenas de evitar o mal superficial, mas de sondar as profundezas de nossa alma em busca de qualquer raiz de maldade. Questionar se há "perversidade nas nossas mãos" significa examinar nossas motivações, nossos desejos mais íntimos, e confrontar qualquer inclinação para o egoísmo, a inveja, o ódio ou a injustiça.
É um chamado à honestidade radical consigo mesmo e com Deus. Reconhecer a possibilidade de erro e se dispor a corrigir o caminho é um passo crucial na jornada espiritual. A busca pela pureza de coração não é uma tarefa fácil, mas a disposição de se submeter ao julgamento divino e reconhecer a própria falibilidade é o primeiro passo para alcançar a transformação interior.
Em última análise, este versículo é um lembrete de que a verdadeira espiritualidade reside na busca constante pela retidão, na disposição de se examinar à luz da verdade divina e na coragem de se transformar em uma pessoa melhor. É um convite à humildade e à confiança em Deus, que é o único capaz de julgar com justiça e nos guiar no caminho da verdade e da vida.

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