Salmo 69:10

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Quando chorei, e castiguei com jejum a minha alma, isto se me tornou em afrontas.

Explicação

O versículo "Quando chorei, e castiguei com jejum a minha alma, isto se me tornou em afrontas" revela uma faceta complexa da jornada espiritual, onde a busca por purificação e conexão divina paradoxalmente resulta em humilhação e desentendimento. A princípio, a ação de chorar e jejuar indica um profundo desejo de se aproximar de Deus, um reconhecimento da própria fragilidade e imperfeição.

O choro, neste contexto, não é apenas uma manifestação de tristeza, mas sim uma liberação emocional, uma forma de expurgar as impurezas da alma. É um clamor sincero por misericórdia e perdão, um reconhecimento das próprias limitações diante da vastidão do divino. O jejum, por sua vez, representa uma disciplina ascética, uma renúncia aos prazeres mundanos com o objetivo de fortalecer o espírito e submeter o corpo aos ditames da alma.

A prática do jejum é uma forma de silenciar os desejos carnais e abrir espaço para a voz interior, a intuição e a conexão com o sagrado. Ao privar o corpo de alimento, busca-se nutrir a alma com a presença divina. É um ato de humildade e entrega, um reconhecimento de que a verdadeira nutrição não reside nos bens materiais, mas sim na comunhão com o Criador.

No entanto, o versículo revela uma reviravolta inesperada: a prática dessas virtudes, o choro e o jejum, em vez de gerar a paz e a elevação espiritual desejadas, se transformam em "afrontas". Isso pode ocorrer quando a intenção por trás desses atos não é genuína, ou quando o ego se infiltra na busca espiritual, transformando-a em um palco para a ostentação e a vaidade. Às vezes, a própria demonstração pública dessas práticas, ainda que bem-intencionada, pode ser mal interpretada e gerar julgamentos e humilhações.

A "afronta" pode vir de diferentes fontes: do escárnio alheio, da incompreensão das pessoas ao redor, ou até mesmo de um sentimento interno de frustração e inadequação. Quando a busca espiritual é motivada pelo desejo de reconhecimento ou por uma necessidade de se sentir superior aos outros, o resultado inevitável é a decepção e a amargura. O verdadeiro caminho espiritual exige humildade, sinceridade e uma entrega total ao amor divino, sem a busca por recompensas ou reconhecimento externo.

A lição que podemos extrair deste versículo é que a prática religiosa, por si só, não garante a elevação espiritual. É necessário cultivar a pureza de intenção, a humildade e a compaixão. O choro e o jejum devem ser acompanhados de um profundo exame de consciência, de um sincero arrependimento pelos erros cometidos e de um compromisso genuíno de transformação interior. Somente assim, a busca espiritual poderá nos conduzir à verdadeira paz e à comunhão com o divino, sem que se transforme em fonte de "afrontas" e sofrimento.

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