Salmo 68:30
Repreende asperamente as feras dos canaviais, a multidão dos touros, com os novilhos dos povos, até que cada um se submeta com peças de prata; dissipa os povos que desejam a guerra.
Este versículo do Salmo 68, versículo 30, é uma poderosa metáfora carregada de simbolismo espiritual. Para compreendê-lo, precisamos desmembrar cada elemento e interpretar seu significado em um contexto mais amplo da jornada da alma.
"Repreende asperamente as feras dos canaviais": As "feras dos canaviais" representam as forças obscuras e instintivas que se escondem nas profundezas de nossa psique. Os "canaviais" simbolizam os lugares obscuros e densos da mente, onde as paixões descontroladas e os desejos egoístas se proliferam. A repreensão áspera é o chamado à consciência, o momento em que a alma confronta esses aspectos sombrios, reconhecendo sua existência e resistindo à sua influência. É um ato de auto-disciplina e de busca pela purificação interior.
"A multidão dos touros, com os novilhos dos povos": Os "touros" e "novilhos" simbolizam o poder bruto, a força física e material, muitas vezes associados à agressividade e à ambição desmedida. "Dos povos" sugere que essas qualidades não são apenas individuais, mas também coletivas, manifestando-se em estruturas sociais e políticas opressoras. A imagem evoca a ideia de nações e grupos humanos movidos por interesses egoístas, buscando dominação e poder uns sobre os outros.
"Até que cada um se submeta com peças de prata": A submissão "com peças de prata" não se refere a uma rendição literal por meio de riquezas. A prata, neste contexto, simboliza a pureza, a redenção e a transformação. A submissão representa a rendição do ego e a entrega à vontade divina. É o reconhecimento da necessidade de abandonar a ambição desmedida e a busca pelo poder material, em favor de valores mais elevados, como a compaixão, a justiça e o amor. A prata representa a transmutação alquímica das energias inferiores em energias superiores.
"Dissipa os povos que desejam a guerra": Este é o clímax do versículo, um apelo à paz e à harmonia. "Dissipa os povos que desejam a guerra" significa que a verdadeira vitória não reside na conquista militar, mas na transformação interior que leva à paz. A guerra, em seu sentido mais amplo, representa o conflito interno entre a alma e o ego, entre a luz e a sombra. Dissipar esses povos é dissipar a ilusão da separação, reconhecendo a unidade essencial de toda a vida. É o triunfo do amor sobre o ódio, da compreensão sobre a ignorância, da paz interior sobre a discórdia externa.
Em resumo, o versículo nos convida a uma profunda jornada de autoconhecimento e transformação, confrontando nossas sombras, renunciando à ambição egoísta e buscando a paz interior como um caminho para a paz no mundo. É um chamado à responsabilidade individual e coletiva na construção de um futuro mais justo e harmonioso.

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