Salmo 62:9
Certamente que os homens de classe baixa são vaidade, e os homens de ordem elevada são mentira; pesados em balanças, eles juntos são mais leves do que a vaidade.
Este versículo nos convida a uma reflexão profunda sobre as ilusões que frequentemente permeiam nossa percepção de valor e status. Ele desmistifica a busca por significado em hierarquias sociais, tanto nas posições mais humildes quanto nas mais elevadas.
Quando se diz que "os homens de classe baixa são vaidade", não se refere a um julgamento de caráter ou mérito individual. A "vaidade" aqui simboliza a natureza efêmera e ilusória das preocupações e valores frequentemente associados àqueles que lutam pela sobrevivência e bem-estar básico. A busca incessante por necessidades materiais, a angústia da escassez e a constante batalha por um futuro melhor podem, por vezes, obscurecer a visão de um propósito maior e mais duradouro. Essa busca, por si só, não é condenável, mas o versículo nos alerta para não nos perdermos na mera sobrevivência, negligenciando a riqueza interior e a conexão espiritual.
Por outro lado, "os homens de ordem elevada são mentira" revela a fragilidade da crença de que poder, riqueza e prestígio conferem verdadeira importância ou satisfação. A "mentira" reside na ilusão de controle, na falsa sensação de segurança e na tentação de se definir pelo status social. Aqueles que ocupam posições de destaque muitas vezes se veem presos em uma teia de aparências, expectativas e responsabilidades que podem obscurecer sua verdadeira essência e afastá-los da humildade e da autenticidade.
A imagem da balança é poderosa. Ao colocar "os homens de classe baixa" e "os homens de ordem elevada" juntos, o versículo revela que ambos, em sua busca por valor externo, são "mais leves do que a vaidade". Isso significa que, ao compararmos a busca por status social, seja através da luta pela sobrevivência ou da acumulação de poder, com a verdadeira essência da existência, com o valor intrínseco de cada ser humano e com a conexão com o divino, ambas as buscas se mostram vazias e insuficientes. A verdadeira riqueza, portanto, não se encontra nas posses ou na posição social, mas sim na conexão com o nosso interior, na prática da compaixão e na busca por um propósito maior que transcenda as limitações do mundo material.
Em essência, o versículo nos convida a transcender as ilusões do mundo material e a buscar um valor mais profundo e duradouro. Ele nos lembra que a verdadeira medida de um ser humano não está em sua posição social ou em seus bens materiais, mas sim em sua capacidade de amar, de se conectar com os outros e de viver uma vida com propósito e significado.

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