Salmo 62:11
Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus.
Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus. Este versículo, em sua essência, desdobra uma verdade fundamental sobre a natureza do Divino e a nossa relação com Ele. A repetição, "uma vez falou, duas vezes ouvi", não é mera redundância, mas sim uma ênfase, uma forma de sublinhar a importância transcendental da mensagem. É como se o Universo em si estivesse ecoando essa verdade para que ela penetrasse profundamente em nossa consciência.
A ideia de que "o poder pertence a Deus" é um convite à humildade e à entrega. Reconhecer que a fonte última de todo poder reside no Divino nos liberta da ilusão do controle e da necessidade de agarrar-nos a uma falsa sensação de autonomia. Não significa que somos impotentes, mas sim que nossa força verdadeira emana de nossa conexão com a fonte primordial. É como um rio que recebe sua força do oceano: sem a conexão, ele se torna fraco e vulnerável.
Espiritualmente, entender que o poder pertence a Deus significa confiar no processo da vida. Significa render-se ao fluxo universal, sabendo que existe uma inteligência superior que orquestra cada evento e cada experiência com um propósito maior, mesmo que não possamos discerni-lo no momento. É abandonar a resistência e abraçar a jornada com fé e receptividade.
Quando internalizamos essa verdade, deixamos de lutar contra a corrente e começamos a cooperar com ela. Em vez de tentar controlar o incontrolável, concentramos nossa energia em cultivar a paz interior, a compaixão e o amor. Percebemos que o verdadeiro poder não está em dominar o mundo externo, mas em transformar nosso mundo interior.
A "escuta" mencionada no versículo implica uma abertura receptiva. Não basta ouvir a verdade uma vez; é necessário ouvi-la repetidamente, meditá-la, incorporá-la em nossa vida diária. É um processo contínuo de alinhamento com a vontade divina, de desaprender padrões limitantes e abraçar a liberdade que vem com a entrega ao poder superior.
Em última análise, este versículo nos lembra que somos parte de algo muito maior do que nós mesmos. Somos instrumentos da vontade divina, e quando nos alinhamos com essa vontade, nos tornamos canais para a manifestação do poder de Deus no mundo. É um chamado à responsabilidade, mas também um convite à esperança: ao reconhecer a fonte do verdadeiro poder, podemos viver vidas mais significativas, compassivas e plenas de propósito.

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