Salmo 59:13
Consome-os na tua indignação, consome-os, para que não existam, e para que saibam que Deus reina em Jacó até aos fins da terra. (Selá.)
Este versículo, carregado de simbolismo e força, clama por uma compreensão que transcende a leitura literal. Não se trata de um pedido de aniquilação física, mas sim de uma transformação profunda, tanto individual quanto coletiva.
A "indignação" de Deus, mencionada aqui, não é uma ira vingativa e humana, mas sim a energia divina que se manifesta para purificar e corrigir o que está desalinhado com a verdade e o amor. Essa "consumição" não é um fim, mas um processo alquímico, onde o velho é queimado para dar lugar ao novo. É a dissolução das ilusões, dos padrões de pensamento limitantes e dos comportamentos destrutivos que nos impedem de manifestar nosso verdadeiro potencial.
Quando pedimos para que "não existam", estamos, na verdade, desejando a erradicação do ego, da falsa identidade construída sobre o medo e a separação. É a rendição do controle, a entrega à sabedoria superior que reside em cada um de nós. É o reconhecimento de que a verdadeira existência não está na forma, mas na essência divina que nos conecta a tudo e a todos.
A frase "para que saibam que Deus reina em Jacó" é fundamental. "Jacó", na tradição bíblica, representa a humanidade, o ser humano em sua jornada de transformação. Reconhecer que Deus reina em "Jacó" significa despertar para a consciência da divindade interior, da presença do Criador em cada célula do nosso ser. É a compreensão de que somos parte de algo maior, de um universo inteligente e amoroso que nos sustenta e nos guia.
A expansão desse reinado "até aos fins da terra" simboliza a universalidade da mensagem. A divindade não está limitada a um lugar, a uma religião ou a um grupo específico. Ela se manifesta em todos os cantos do planeta, em todas as culturas e em todos os corações abertos à verdade. É um convite para que a luz da consciência se espalhe, dissipando a escuridão da ignorância e da separação.
O "Selá", ao final, é uma pausa para reflexão, um convite para internalizar a mensagem e permitir que ela ressoe em nosso ser. É um momento para silenciar a mente e abrir o coração, para sentir a presença divina em nós e ao nosso redor. É um lembrete de que a transformação é um processo contínuo, uma jornada de despertar constante para a verdade e o amor.

Catecismo da Igreja Católica (edição de bolso)

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