Salmo 52:7
Eis aqui o homem que não pôs em Deus a sua fortaleza, antes confiou na abundância das suas riquezas, e se fortaleceu na sua maldade.
Este versículo ecoa uma profunda verdade sobre a natureza humana e a busca pela verdadeira segurança e força. Ele nos apresenta um indivíduo que, em vez de buscar refúgio e amparo no Divino, escolhe depositar sua fé e esperança em bens materiais e na prática de atos questionáveis.
"Eis aqui o homem que não pôs em Deus a sua fortaleza..." A primeira parte da frase já estabelece o cerne do problema: a ausência de Deus como alicerce. Não se trata apenas de uma negação formal da fé, mas sim de uma escolha ativa por não construir a própria vida sobre os princípios e valores espirituais. Essa ausência cria um vazio, uma fragilidade intrínseca, pois a verdadeira fortaleza, a que resiste às tempestades da vida, reside na conexão com o Criador, na compreensão de que somos parte de algo maior e eterno.
"...antes confiou na abundância das suas riquezas..." A riqueza, por si só, não é inerentemente má. O problema reside na confiança depositada nela. Quando a abundância material se torna o principal, ou único, pilar de sustentação, o indivíduo se ilude com uma falsa sensação de segurança. A riqueza é transitória, sujeita às flutuações do mercado, à instabilidade econômica e à própria mortalidade. Confiar nela é construir sobre a areia movediça, negligenciando a rocha firme da fé e da espiritualidade.
"...e se fortaleceu na sua maldade." Esta é a consequência lógica da escolha anterior. Ao se afastar de Deus e depositar a fé nas riquezas, o indivíduo abre espaço para o egoísmo, a ganância e a busca desenfreada pelo poder. A "maldade" aqui não se refere necessariamente a atos hediondos, mas sim a uma postura interior de desapego da compaixão, da empatia e do senso de justiça. O acúmulo de bens materiais muitas vezes vem acompanhado da exploração, da injustiça e da indiferença ao sofrimento alheio. A busca incessante por mais, sem um senso de propósito maior, corrompe a alma e endurece o coração.
Em suma, o versículo nos alerta para o perigo de buscarmos a segurança e a felicidade em fontes externas e passageiras, em detrimento da conexão com o Divino e do cultivo de valores espirituais. Ele nos convida a refletir sobre o que realmente valorizamos em nossas vidas e a reavaliar nossas prioridades, buscando construir uma fortaleza interior baseada na fé, na bondade e na compaixão.

Catecismo da Igreja Católica (edição de bolso)

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