Salmo 51:4
Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares.
Este versículo, extraído do Salmo 51, versículo 4, revela uma profunda compreensão da natureza do pecado e do relacionamento entre o indivíduo e o Divino. A aparente contradição de Davi, ao afirmar ter pecado "contra ti, contra ti somente", enquanto seus atos (como o adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias) claramente prejudicaram outros seres humanos, nos convida a uma reflexão mais profunda.
Espiritualmente, Davi reconhece que, embora suas ações tenham tido consequências devastadoras para aqueles ao seu redor, a raiz do seu pecado reside na sua relação com Deus. Ele compreende que o pecado, em sua essência, é uma transgressão contra a ordem divina, uma separação da fonte de toda a bondade e verdade. É um ato que macula a alma e a afasta da sua verdadeira natureza.
Ao dizer "contra ti somente pequei", Davi não está minimizando o sofrimento que causou a outros. Ele está, sim, reconhecendo que a verdadeira ofensa é contra a lei divina que habita dentro de cada um de nós. Essa lei, essa consciência moral, é a voz de Deus nos guiando para o bem. Desobedecer a essa voz é, portanto, pecar contra o próprio Deus.
A segunda parte do versículo, "e fiz o que é mal à tua vista", reforça essa ideia. O pecado não é apenas uma violação de regras externas, mas uma ação que é intrinsecamente repugnante à natureza divina. É uma escolha consciente pelo mal, pela escuridão, em vez do bem e da luz. Davi reconhece que suas ações não apenas feriram outros, mas também macularam sua própria alma e o separaram de Deus.
A última parte, "para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares", demonstra uma profunda fé na justiça divina. Davi entende que Deus é a própria personificação da justiça e da pureza. Ao admitir seu pecado e se render à misericórdia divina, ele reconhece que Deus tem o direito de julgar e punir o pecado. No entanto, ele também confia que, mesmo em Seu julgamento, Deus permanecerá justo e puro, agindo com sabedoria e compaixão.
Em essência, este versículo é um poderoso lembrete da natureza espiritual do pecado e da importância de reconhecermos nossa transgressão contra a lei divina que reside em nossos corações. É um convite à humildade, ao arrependimento e à fé na justiça e na misericórdia de Deus.

Catecismo da Igreja Católica (edição de bolso)

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