Salmo 51:12
Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.
"Torna a dar-me a alegria da tua salvação" – Este clamor profundo ecoa a alma que experimentou a graça divina e, por algum motivo, sente-se distante dessa fonte de júbilo. A alegria da salvação não é uma emoção passageira, mas sim a consequência da conexão íntima com o divino, a certeza do perdão e a esperança da vida eterna. Quando nos afastamos dessa conexão, seja por erros, dúvidas ou negligência espiritual, essa alegria se esvai, deixando um vazio doloroso.
O pedido para que essa alegria seja "tornada" implica que ela já foi experimentada. É um reconhecimento de que a alma já conheceu a plenitude da presença divina e anseia por retornar a esse estado. Não se trata de uma busca por algo novo, mas sim de uma restauração, um retorno ao lar espiritual onde a paz e a alegria residem.
Essa restauração não é automática. Exige um reconhecimento da necessidade, um desejo sincero de reconciliação e uma abertura para receber a graça divina novamente. É um convite para reavivar a chama da fé, para lembrar da promessa de salvação e para se render ao amor incondicional do Criador.
"E sustém-me com um espírito voluntário" – Esta segunda parte do versículo complementa o pedido anterior. Não basta apenas sentir a alegria da salvação, é preciso ter a força interior para permanecer no caminho da retidão, para resistir às tentações e para servir ao propósito divino com entusiasmo e dedicação. Um "espírito voluntário" representa a disposição de seguir a vontade divina, não por obrigação, mas por amor e gratidão.
Sustentar a alma com um espírito voluntário significa nutrir a motivação intrínseca para fazer o bem, para buscar a verdade e para viver em harmonia com os princípios espirituais. É um pedido por força interior, por discernimento e por uma renovação constante do compromisso com o caminho espiritual. É um reconhecimento de que a jornada espiritual exige esforço, disciplina e uma constante entrega à vontade superior.
Em conjunto, estes dois pedidos revelam uma profunda compreensão da natureza humana. Reconhecem a fragilidade da alma, a tendência ao desvio e a necessidade constante de renovação espiritual. Ao pedir pela alegria da salvação e por um espírito voluntário, a alma expressa seu desejo de viver em plenitude, em harmonia com o divino e em serviço ao bem comum, fortalecida pela graça e pela sua própria determinação.

Confissões de Santo Agostinho - Edição de Luxo Almofadada

Alma ferida, alma curada: Os caminhos da fé para vencer os problemas
