Salmo 50:22
Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus; para que eu vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre.
Este versículo, pungente e direto, nos convida a uma reflexão profunda sobre a nossa relação com o Divino. "Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus" é um chamado à atenção, um despertar para aqueles que, imersos nas atividades do mundo, perderam a conexão com a fonte de toda a vida e sabedoria.
É importante entender que "esquecer-se de Deus" não significa necessariamente uma descrença ativa. Muitas vezes, estamos tão absortos em nossos próprios desejos, medos e preocupações que negligenciamos a presença constante do Sagrado em cada aspecto de nossa existência. Esquecemos de agradecer, de buscar orientação, de reconhecer a beleza e a abundância que nos cercam, que são manifestações da Divindade.
A segunda parte do versículo, "para que eu vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre", pode parecer assustadora à primeira vista. No entanto, a mensagem aqui não é de punição arbitrária, mas sim de consequência inevitável. Quando nos desconectamos da Fonte, perdemos a nossa integridade, a nossa harmonia interna. Tornamo-nos vulneráveis à fragmentação, à dispersão de nossa energia vital. É como uma planta que se afasta da luz do sol: ela definha, perde a sua vitalidade e se torna suscetível a doenças.
A expressão "fazer em pedaços" pode ser interpretada como as dificuldades, os sofrimentos e as provações que enfrentamos quando nos afastamos do caminho da Verdade. São os momentos de crise, de desespero, de solidão profunda que nos lembram da nossa fragilidade e da nossa necessidade de buscar um propósito maior.
E a frase "sem haver quem vos livre" ressalta a importância da nossa própria responsabilidade em reconectar-nos com o Divino. Ninguém pode fazer isso por nós. A libertação vem do nosso próprio esforço em buscar a Deus, em cultivar a fé, em praticar o amor e a compaixão. É um processo individual e intransferível.
Portanto, este versículo é, acima de tudo, um convite à consciência. É um lembrete de que a nossa felicidade e o nosso bem-estar dependem da nossa capacidade de manter uma conexão viva e constante com a Divindade. Ao invés de temer a punição, devemos buscar a reconciliação, o reencontro com a nossa verdadeira essência. Devemos lembrar que Deus está sempre presente, esperando por nós, pronto para nos acolher em Seus braços e nos guiar de volta ao caminho da luz e da paz.
Ao ouvirmos este chamado e nos esforçarmos para viver em harmonia com os princípios divinos, podemos evitar a fragmentação e encontrar a verdadeira libertação, a plenitude que tanto almejamos.

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