Salmo 44:23
Desperta, por que dormes, Senhor? Acorda, não nos rejeites para sempre.
O versículo "Desperta, por que dormes, Senhor? Acorda, não nos rejeites para sempre" do livro de Salmos, clama a Deus em um momento de aparente abandono. Espiritualmente, essa súplica não se refere a um Deus literalmente adormecido, mas sim à sensação humana de distanciamento divino. É um grito da alma que se sente perdida e esquecida, uma expressão da angústia que surge quando as dificuldades da vida obscurecem a presença e o amor de Deus.
A imagem do "dormir" de Deus simboliza um período de silêncio, de ausência de respostas claras e imediatas às orações. Pode ser interpretada como uma fase em que a providência divina parece estar inativa, permitindo que o sofrimento e a injustiça prevaleçam. Contudo, esse "sono" não implica uma real negligência de Deus, mas sim um teste de fé, um momento de purificação e aprendizado. É nesses momentos de aparente abandono que somos chamados a fortalecer nossa confiança, a aprofundar nossa conexão espiritual e a buscar a presença divina no silêncio.
O pedido para "acordar" é um anseio por manifestação divina, por uma intervenção que restaure a esperança e a justiça. Não se trata de acordar um Deus desatento, mas de abrir os olhos da alma para perceber a ação sutil e constante da divindade, mesmo em meio à adversidade. É um chamado para despertar a consciência da presença divina em todas as coisas, para reconhecer que mesmo nos momentos mais sombrios, Deus está presente, guiando e sustentando.
A súplica "não nos rejeites para sempre" expressa o medo da separação eterna de Deus, o temor de perder a salvação e a comunhão divina. Esse medo, embora compreensível em momentos de aflição, deve ser confrontado com a certeza do amor incondicional de Deus. A promessa divina é de nunca abandonar aqueles que o buscam de coração sincero. A persistência na fé, mesmo diante da dor, é a chave para superar o sentimento de rejeição e para experimentar a plenitude da presença divina.
Em essência, este versículo é um convite à persistência na fé, mesmo quando a presença de Deus não é imediatamente perceptível. É um lembrete de que a jornada espiritual nem sempre é fácil, mas que a confiança em Deus, a busca pela Sua presença e a crença em Seu amor incondicional são os caminhos para superar a dor, o medo e o sentimento de abandono. É um clamor que nos une àqueles que, em todas as épocas, buscaram a face de Deus em meio à escuridão, encontrando força e esperança na certeza de que Ele nunca nos abandona verdadeiramente.

Catecismo da Igreja Católica (edição de bolso)

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