Salmo 44:22
Sim, por amor de ti, somos mortos todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Este versículo, frequentemente atribuído a Paulo e encontrado em Romanos 8:36, ecoa um lamento profundo sobre a experiência de sofrimento e perseguição enfrentada por aqueles que seguem um caminho espiritual, especialmente no contexto do cristianismo primitivo. No entanto, a mensagem transcende uma interpretação literal e histórica, oferecendo uma visão sobre a jornada da alma em busca de conexão com o Divino.
"Sim, por amor de ti, somos mortos todo o dia" pode ser interpretado como uma referência à morte do ego, à renúncia constante do eu inferior. O "ti" aqui representa a força superior, Deus, o Universo, a Verdade, ou qualquer princípio espiritual que se busca seguir. Morrer "todo o dia" não significa uma morte física literal, mas sim um processo contínuo de desapego das ilusões, dos desejos mundanos e das identificações que nos prendem ao sofrimento. É o esforço incessante para transcender a personalidade limitada e abraçar a essência divina que reside em nós.
Essa "morte" é dolorosa porque envolve confrontar nossos medos, nossas imperfeições e nossos apegos. Significa abandonar a zona de conforto, renunciar a falsas seguranças e enfrentar as resistências internas que se manifestam quando nos aproximamos da Verdade. É a crucificação do ego, um processo necessário para a ressurreição da alma.
"Somos reputados como ovelhas para o matadouro" ilustra a vulnerabilidade e a aparente fragilidade daqueles que se dedicam a um caminho espiritual. Ovelhas, neste contexto, simbolizam a mansidão, a humildade e a disposição para seguir a vontade divina, mesmo que isso signifique enfrentar dificuldades e incompreensões. Ser "reputado como ovelhas para o matadouro" implica ser visto como fraco, ingênuo e até mesmo tolo pelos olhos do mundo, que valoriza o poder, a riqueza e o status social.
Contudo, essa aparente vulnerabilidade é, na verdade, uma força. Aquele que se entrega à vontade divina, despojado do orgulho e da vaidade, torna-se um canal para a manifestação do poder superior. A "morte" mencionada anteriormente, a renúncia do ego, transforma-se em libertação. A aparente fraqueza da ovelha revela a força interior daquele que confia no Divino, permitindo que a luz da alma brilhe intensamente, mesmo em meio à escuridão do mundo. O "matadouro" pode ser interpretado como as provações e os desafios que a vida nos apresenta, oportunidades para purificação, crescimento e transformação espiritual. Ao enfrentar essas provações com fé e humildade, somos capazes de transcender a dor e encontrar a paz interior.

Alma ferida, alma curada: Os caminhos da fé para vencer os problemas

Bíblia King James 1611 de Estudo Holman - Duotone - 7° Edição
