Salmo 37:21
O ímpio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece e dá.
O versículo 21 de Provérbios, "O ímpio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece e dá", oferece uma profunda reflexão sobre a natureza da conduta e suas consequências espirituais. Ele contrasta duas atitudes fundamentais diante dos recursos materiais e da relação com o próximo.
"O ímpio toma emprestado, e não paga" revela uma postura egocêntrica e desprovida de integridade. A pessoa ímpia, neste contexto, prioriza seus próprios desejos e necessidades imediatas, sem considerar o impacto de suas ações sobre os outros. Tomar emprestado implica um compromisso, uma promessa de retribuição, mas a falta de pagamento demonstra uma falha moral. Essa atitude não se limita apenas ao aspecto financeiro; ela reflete uma falta de consideração e respeito pelo próximo, uma desconexão da teia de responsabilidade mútua que sustenta a sociedade.
Essa irresponsabilidade financeira e moral tem raízes profundas na desconexão espiritual. A pessoa que não honra seus compromissos está, em essência, desonrando a si mesma e a sua palavra. A ganância e a falta de empatia obscurecem a visão da interdependência, levando a um comportamento que, a longo prazo, isola e empobrece o espírito. O acúmulo material obtido de forma desonesta não traz verdadeira satisfação, pois é construído sobre a base da desconfiança e da injustiça.
Em contrapartida, "mas o justo se compadece e dá" ilustra uma atitude diametralmente oposta. A justiça, neste contexto, transcende a mera observância de regras e leis; ela se manifesta como uma profunda compaixão e generosidade. O justo reconhece a sua conexão com os outros e compreende que a verdadeira riqueza reside na capacidade de partilhar e aliviar o sofrimento alheio. A compaixão o move a agir, a estender a mão e a oferecer o que possui, seja material, emocional ou espiritual.
A ação de dar, impulsionada pela compaixão, não se limita a suprir necessidades imediatas. Ela nutre a alma, tanto de quem recebe quanto de quem doa. Ao se colocar no lugar do outro, o justo compreende a importância da dignidade e da autonomia, e sua generosidade é pautada pela sabedoria e pelo respeito. Essa atitude de compaixão e doação fortalece os laços sociais, promove a harmonia e contribui para a construção de um mundo mais justo e equitativo.
A diferença entre o ímpio e o justo reside, portanto, na sua orientação interior. Enquanto o ímpio é movido pelo egoísmo e pela busca incessante por satisfação pessoal, o justo é guiado pela compaixão e pelo desejo de contribuir para o bem-estar coletivo. A escolha entre esses dois caminhos define não apenas a nossa conduta, mas também o nosso destino espiritual. A prática da justiça e da generosidade nos conecta com a fonte da abundância e da felicidade verdadeira, enquanto a busca egoísta por bens materiais nos aprisiona em um ciclo de insatisfação e isolamento.

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