Salmo 35:13
Mas, quanto a mim, quando estavam enfermos, as minhas vestes eram o saco; humilhava a minha alma com o jejum, e a minha oração voltava para o meu seio.
Este versículo revela uma profunda conexão entre a prática espiritual e a compaixão humana. O "saco" mencionado era uma veste áspera, usada como sinal de luto, arrependimento e humildade. Ao vesti-lo quando os outros estavam enfermos, o autor demonstrava uma identificação profunda com o sofrimento alheio. Ele não se distanciava da dor, mas a internalizava, tornando-a parte de sua própria experiência.
A "humilhação da alma com o jejum" ia além da privação física. O jejum, nesse contexto, era um ato de abnegação, uma forma de silenciar o ego e abrir espaço para a empatia. Ao renunciar às necessidades básicas, o indivíduo se tornava mais sensível ao sofrimento dos outros, mais apto a compreender a profundidade de sua dor.
A frase "e a minha oração voltava para o meu seio" é particularmente intrigante. Sugere que a oração, em vez de ser direcionada a uma entidade externa, retornava ao próprio interior do autor. Isso pode ser interpretado de diversas maneiras. Talvez a oração não fosse um pedido por intervenção divina, mas sim uma busca por força interior, por consolo e por sabedoria para lidar com a situação. Ou talvez a oração, ao encontrar um coração endurecido pela falta de compaixão nos outros, não encontrasse ressonância e voltasse, reverberando apenas no íntimo do autor, compelindo-o a agir.
Outra interpretação possível é que a oração, ao retornar ao seio, se tornava uma meditação profunda sobre a própria responsabilidade. Em vez de esperar por uma resposta externa, o autor se voltava para dentro de si, buscando a fonte da cura e da transformação. A oração, nesse sentido, não era um pedido, mas um mergulho na própria alma, uma busca por compreensão e por um caminho a seguir.
Em suma, este versículo nos convida a refletir sobre a importância da compaixão, da humildade e da introspecção na jornada espiritual. Ele nos lembra que a verdadeira conexão com o divino se manifesta através da empatia, da abnegação e da busca interior por respostas. A oração mais poderosa, talvez, seja aquela que nos leva a agir, a nos tornarmos agentes de cura e transformação no mundo.

Catecismo da Igreja Católica (edição de bolso)

Alma ferida, alma curada: Os caminhos da fé para vencer os problemas
