Salmo 28:1
A ti clamarei, ó Senhor, Rocha minha; não emudeças para comigo; não aconteça, calando-te tu para comigo, que eu fique semelhante aos que descem ao abismo.
Este versículo é um grito da alma, um clamor profundo que ecoa em cada coração que busca a conexão com o Divino. Quando o salmista se dirige a Deus como "Rocha", ele não está apenas usando uma metáfora. Ele está reconhecendo em Deus a solidez, a firmeza e a segurança que faltam em um mundo incerto e transitório. A Rocha é a base inabalável sobre a qual podemos construir nossa vida espiritual, a fonte de força que nos sustenta nos momentos de fraqueza.
O medo expresso no versículo – "não emudeças para comigo" – revela a angústia da desconexão. É o temor de sentir-se abandonado, esquecido por Deus. Essa sensação pode surgir quando enfrentamos desafios, quando nossas orações parecem não ser ouvidas ou quando a escuridão da dúvida obscurece nossa fé. O silêncio de Deus, percebido por nós, pode ser interpretado como ausência, mas é fundamental lembrar que o silêncio, muitas vezes, é a linguagem do Espírito.
O "abismo" mencionado não é apenas um lugar físico de escuridão e morte, mas um estado espiritual de desesperança, de separação da luz divina. É o lugar onde a alma se perde em meio à confusão, ao medo e à falta de sentido. O salmista teme que o silêncio de Deus o conduza a esse estado de prostração, onde a conexão com o Divino se rompe e a esperança se esvai.
Este versículo nos ensina a importância da persistência na oração e na busca por Deus. Mesmo quando não sentimos Sua presença, devemos continuar clamando, buscando Sua orientação e Sua força. A fé não é a ausência de dúvida, mas a coragem de crer mesmo quando a dúvida se manifesta. O salmista nos mostra que a vulnerabilidade, a honestidade em expressar nossos medos e anseios, é o primeiro passo para uma conexão mais profunda com o Divino.
Em última análise, este versículo é um lembrete de que não estamos sozinhos em nossa jornada espiritual. Deus está sempre presente, mesmo quando não O percebemos. O clamor do salmista é um convite para que abramos nossos corações e permitamos que a luz divina nos ilumine, nos guie e nos proteja, afastando-nos do abismo da desesperança e conduzindo-nos à paz e à plenitude que só podem ser encontradas em Sua presença. O silêncio aparente é, muitas vezes, o prelúdio de uma revelação mais profunda.

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