Salmo 22:2
Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.
"2 Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego." Este versículo, carregado de angústia e aparente abandono, ecoa a experiência humana universal da busca por conexão divina em meio ao sofrimento. Ele revela um momento de profunda crise espiritual, onde a oração, que normalmente é fonte de conforto e esperança, parece não encontrar resposta.
A expressão "Deus meu" demonstra uma relação pessoal, íntima. Não é um Deus distante, mas sim aquele a quem o indivíduo se sente conectado. A repetição do apelo, "eu clamo", intensifica o sentimento de urgência e necessidade. É um grito da alma, uma súplica desesperada por alívio e orientação.
A dualidade "de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego" enfatiza a persistência da aflição. Não há momento de descanso, nem físico nem espiritual. Durante o dia, em meio às atividades e responsabilidades, a comunicação com o divino parece bloqueada. À noite, o silêncio e a solidão intensificam a sensação de abandono, impedindo o repouso e a paz interior.
Este versículo não deve ser interpretado como uma declaração de que Deus está ausente ou indiferente. Pelo contrário, ele reflete a percepção humana de um momento específico, onde a resposta divina não é imediatamente perceptível. Pode ser um período de provação, de purificação, ou um chamado para uma introspecção mais profunda. A aparente ausência de resposta pode, na verdade, ser um convite para refinar a fé, fortalecer a confiança e buscar uma compreensão mais elevada da vontade divina.
É importante lembrar que o tempo de Deus não é o nosso tempo. A resposta pode vir de maneiras inesperadas, em momentos oportunos. A chave está na perseverança na fé, na manutenção da conexão espiritual, mesmo quando o silêncio parece ensurdecedor. Acreditar que, mesmo no silêncio, Deus está presente e atuante, é fundamental para superar a angústia e encontrar a paz interior.
O versículo, portanto, não é um fim em si mesmo, mas sim um ponto de partida para uma jornada espiritual mais profunda. É um convite para questionar, buscar, e, acima de tudo, confiar que, mesmo na escuridão, a luz divina continua a brilhar, guiando-nos para a cura e a transformação.

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