Salmo 116:11
Dizia na minha pressa: Todos os homens são mentirosos.
Este versículo, proferido em um momento de "pressa", ou seja, de angústia e precipitação, revela uma percepção distorcida da realidade. "Todos os homens são mentirosos" é uma generalização carregada de desespero, nascida de uma experiência pessoal dolorosa ou uma série de decepções. Espiritualmente, a chave aqui reside na palavra "pressa". Quando estamos apressados, ansiosos ou dominados pelas emoções, a nossa visão se turva. Deixamos de enxergar a nuance, a complexidade e a bondade inerente que também reside no coração humano.
Acreditar que todos são mentirosos é projetar uma sombra escura sobre a humanidade. É fechar-se para a possibilidade de conexão verdadeira, de confiança e de amor. Essa crença se torna uma profecia autorrealizável: ao esperarmos que todos nos enganem, inconscientemente criamos situações que confirmam essa expectativa, perpetuando um ciclo de desconfiança e isolamento.
É importante discernir a diferença entre reconhecer a falibilidade humana – todos cometemos erros, inclusive mentir – e generalizar essa falibilidade a ponto de desumanizar o outro. A espiritualidade nos convida a cultivar a compaixão, a entender que as pessoas agem muitas vezes impulsionadas pelo medo, pela dor ou pela ignorância. Nem sempre a mentira é fruto da maldade, mas sim de uma tentativa desesperada de se proteger ou de obter algo que se acredita necessário.
A cura para essa percepção distorcida reside na paciência, na reflexão e na abertura para a verdade. Em vez de condenar a humanidade, somos chamados a examinar nossas próprias feridas, a identificar as crenças limitantes que nos impedem de ver o bem nos outros e em nós mesmos. A prática da meditação, da oração e do auto-perdão nos ajuda a acalmar a mente, a silenciar a "pressa" interior e a reconectar-nos com a fonte de amor e sabedoria que reside em nosso íntimo.
A verdadeira espiritualidade nos ensina que, embora a decepção seja uma experiência inevitável na jornada humana, ela não precisa nos definir. Podemos escolher transcender a dor, aprender com ela e abrir o coração para a possibilidade de relacionamentos autênticos e transformadores. Ao invés de focar na mentira, podemos direcionar nossa atenção para a busca da verdade, da integridade e da bondade, tanto em nós mesmos quanto nos outros.

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