Salmo 108:11
Porventura não serás tu, ó Deus, que nos rejeitaste? E não sairás, ó Deus, com os nossos exércitos?
Este versículo carrega um profundo sentimento de abandono e busca por redenção. É um grito da alma que se sente desamparada, questionando a aparente ausência divina em momentos de grande necessidade. A pergunta "Porventura não serás tu, ó Deus, que nos rejeitaste?" não é uma acusação raivosa, mas sim um lamento que emerge de um coração ferido e confuso. É a expressão da dor sentida quando se experimenta a separação do divino, quando a conexão espiritual parece rompida.
No plano espiritual, a "rejeição" aqui não deve ser interpretada literalmente como um abandono eterno por parte de Deus. A espiritualidade nos ensina que Deus é amor incondicional, uma força sempre presente e disponível para todos. A sensação de rejeição, portanto, reside mais na nossa própria percepção, na nossa incapacidade momentânea de sentir a presença divina em meio ao caos e à tribulação. Muitas vezes, a "rejeição" é o reflexo do nosso próprio afastamento, da nossa desconexão com a fonte de amor e sabedoria que reside em nosso interior.
A segunda parte do versículo, "E não sairás, ó Deus, com os nossos exércitos?", revela a busca por auxílio e proteção. "Exércitos" aqui podem ser interpretados como as batalhas da vida, os desafios e as dificuldades que enfrentamos no nosso caminho. O anseio é por uma presença divina que nos acompanhe, que nos guie e fortaleça em cada passo. É o desejo de sentir que não estamos sozinhos, que temos um poder maior que nos ampara e nos dá coragem para seguir em frente. Acreditamos que a presença de Deus ao nosso lado nos tornará invencíveis, capazes de superar qualquer obstáculo.
Espiritualmente, "sair com os nossos exércitos" significa alinhar a nossa vontade com a vontade divina. Não é esperar que Deus resolva todos os nossos problemas magicamente, mas sim permitir que a Sua luz nos ilumine, que a Sua sabedoria nos inspire a tomar as melhores decisões e que o Seu amor nos fortaleça para enfrentar as dificuldades com serenidade e fé. É entender que a batalha não é apenas física, mas também espiritual, e que a verdadeira vitória reside na nossa capacidade de manter a conexão com o divino, mesmo nos momentos mais sombrios.
Em resumo, este versículo é um convite à introspecção e à busca por uma conexão mais profunda com o divino. É um lembrete de que, mesmo quando nos sentimos abandonados e desamparados, a presença de Deus permanece constante em nosso interior, esperando para ser redescoberta e vivenciada em plenitude. A chave está em reconhecer que a "rejeição" é muitas vezes uma ilusão criada pela nossa mente e que a verdadeira força reside na nossa capacidade de nos reconectarmos com a fonte de amor e sabedoria que nos habita.

Confissões de Santo Agostinho - Edição de Luxo Almofadada

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