Salmo 107:18
A sua alma aborreceu toda a comida, e chegaram até às portas da morte.
Este versículo, aparentemente simples, mergulha em profundezas da experiência humana onde o corpo e a alma se encontram em um estado de profundo sofrimento e desespero. "A sua alma aborreceu toda a comida" não se limita à aversão física ao alimento. Reflete uma condição onde a própria essência, o ser interior, rejeita o sustento da vida.
Espiritualmente, a comida representa muito mais do que nutrição física. Simboliza tudo aquilo que alimenta a alma: alegria, esperança, propósito, conexão com o Divino e com o próximo. Quando a alma "aborrece" a comida, indica uma perda profunda desses elementos essenciais. É um estado de aridez espiritual, onde a vida perde o sabor e o significado.
Essa aversão pode ser causada por diversas razões: traumas emocionais, perdas significativas, sentimentos de culpa, remorso, desconexão com o propósito de vida ou mesmo uma crise existencial profunda. A alma, ferida e sobrecarregada, se fecha para o mundo, perdendo o interesse nas coisas que antes lhe traziam prazer e satisfação. É como se a luz interior se apagasse, deixando apenas escuridão e vazio.
"Chegaram até às portas da morte" não se refere necessariamente à morte física iminente, embora possa implicá-la em casos extremos. Simboliza, sobretudo, a morte da vitalidade, da esperança e da alegria de viver. É um estado de prostração onde a pessoa se sente à beira do abismo, sem forças para lutar ou encontrar um caminho de volta. A vida se torna um fardo pesado demais para suportar.
Nessa situação de profunda angústia, é fundamental buscar auxílio e cura. A jornada de volta à vida pode ser longa e árdua, mas é possível. Requer um olhar honesto para dentro de si, a aceitação das próprias vulnerabilidades e a busca por fontes de cura e nutrição para a alma. Isso pode envolver terapia, meditação, oração, conexão com a natureza, atividades criativas, relacionamentos saudáveis e, acima de tudo, a busca por um sentido maior na vida.
A chave para superar esse estado de "morte em vida" reside na reconexão com a própria essência, com a fé e com o amor. É preciso reacender a chama da esperança, redescobrir a beleza da vida e encontrar um novo propósito que dê sentido à existência. O renascimento da alma é um processo gradual, mas profundamente transformador, que permite à pessoa ressurgir das cinzas, mais forte, mais sábia e mais compassiva.

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