Salmo 105:28

O versículo "Mandou trevas, e a fez escurecer; e não foram rebeldes à sua palavra" ecoa profundamente na esfera espiritual, revelando a soberania divina sobre as forças da natureza e, por extensão, sobre a própria realidade que percebemos. As trevas, aqui, transcendem a mera ausência de luz física; representam o desconhecido, o inexplorado, o potencial bruto e informe que reside no âmago da criação.

Ao "mandar trevas", Deus demonstra Seu poder de moldar e influenciar até mesmo os aspectos mais primordiais do universo. Essa ação não é arbitrária, mas sim parte de um plano maior, um ritmo cósmico onde luz e escuridão se alternam, criando contrastes que permitem a percepção e o crescimento. Imagine a treva como um útero cósmico, um lugar de gestação onde novas ideias, novas formas e novas possibilidades são incubadas.

A frase "e a fez escurecer" enfatiza a efetividade da vontade divina. Não há hesitação, não há falha. Quando Deus decreta, o universo responde em uníssono. Essa obediência da natureza à ordem divina é um reflexo da harmonia inerente à criação. As trevas não resistem, não questionam; simplesmente cumprem seu papel no grande teatro cósmico.

E aqui reside um ponto crucial: "e não foram rebeldes à sua palavra." Essa ausência de rebelião é uma lição poderosa para nós, seres humanos, muitas vezes propensos à resistência e à dúvida. A natureza, em sua pureza e simplicidade, aceita e se adapta à vontade divina sem questionar. As trevas, em sua aparente negatividade, colaboram ativamente com o plano divino, demonstrando uma fé e uma submissão exemplares.

Podemos interpretar essa passagem como um convite à aceitação. Em vez de lutar contra os momentos de escuridão em nossas vidas – as dificuldades, os desafios, as incertezas – podemos aprender a abraçá-los como oportunidades de crescimento e transformação. Assim como as trevas são essenciais para o ciclo da criação, os momentos sombrios são indispensáveis para o nosso desenvolvimento espiritual.

Ao reconhecer a soberania divina em todas as coisas, inclusive nas trevas, podemos encontrar paz e confiança mesmo em meio à adversidade. A obediência da natureza à "sua palavra" nos lembra que há uma ordem superior em ação, um propósito maior que transcende nossa compreensão imediata. E, ao nos alinharmos com essa ordem, podemos encontrar nosso lugar no grande plano divino, contribuindo para a harmonia e a beleza do universo.